Da janela avisto árvores
Da janela avisto árvores. Elas ainda vestem verde, penso surpresa. Ao longo da rua, entre muitas rotas, uma ou outra árvore já começa a vestir vermelho, laranja, marrom… para sair, tímida e silenciosamente.
Aqui reina o Verão.
O gelo chega de supetão, alça voo e pousa aqui, trás uma veste e um corpo diferentes. Vem com bagagem que passou pelo mar e no meio da viagem foi de encontro ao ar, frio.
Dentro de casa, os pés congelam junto das mãos. Há dias que meu corpo se cobre, há dias em que precisa de ar gelado artificial para se refrescar, junto com sorvete, que não tomo sempre. Todo dia, só água fresca, ou gélida.
Penso nas chuvas de Verão, que já se foram daqui e viajaram até o Sul do país, aparentemente. Neste Rio, chove como chove lá agora em Janeiro, e traz deslizamento, dor e morte e força – sobrevivência. Há alguns anos atrás contei dessas chuvas à um amigo, que me contou que nesse mesmo ano, em Florianópolis a chuva tinha chegado e estava fazendo a maior estrago: enchente, deslizamento etc.
Em 2024, as chuvas pousaram sem freio, sem dó, no Sul do país. Revoltada, continua a querer acertar as contas como Homo Sapiens. Chegou mais brava e forte, do que antes derrubando gentes, animais, abalando fortemente estruturas – externas e interiores.
Mesmo entre tempestades: ambientais, socioeconômicas e políticas, das vidas ansiosas, corridas, “sem tempo para nada, nem para si”, surgem muitas mãos, braços e corações, que se levantam, correm com braços cheios e abertos. Chegam, no meio do caos, vindos de todos os cantos do País, de alguns do Planeta, trabalham duro, dia a dia, para reerguer esse povo, esse Estado que foram engolidos pela água.
Assisto o Sol, as árvores, o vento, a TV. Vejo a força da Natureza e vejo a força de um povo, que sempre foi forte, se triplicar.
É hora de reconhecer de uma vez, que Somos um País de Muitos, muitos povos, que formam um só povo, grande, único, original. É hora de se levantar e caminhar não mais sob esta Terra Mãe, mas Com Ela, por Ela. Por Nós. Como as folhas, que voam até o chão, se espalham e depois se erguem, assumindo novas formas e cores, florindo, temos que respeitar os ciclos, os tempos, olhar a Mãe Terra por uma nova perspectiva, como nossos irmãos Nativos, sábios, sempre olharam para ela. Eles sempre estiveram certos. A Natureza É, estava aqui antes de nós, merece o nosso respeito e honra, Ser tratada da melhor maneira possível!
O vento me balançou, soprou feridas antigas que sangravam, ainda. De tanto me pressionar para ver o que preciso e me fazer mudar, para melhor, olho para dentro, mergulho fundo, seco as lágrimas, e sangue, e suor. Sei que virão de novo, até que as olhe nos olhos, de frente, coloque-as em meu colo, com amor e respeito, acolha-as, para que no tempo certo, a Vida recoloque tudo em seu devido lugar. Deixo cair as ideias que agarrei com tanta força, quase criaram raiz, por medo de perder alguma coisa, mas não posso perder o que já é meu por essência, isso é impossível! Mas, posso e deveria aprimorar as raízes, adubá-las com nutrientes novos e saudáveis. SOU apenas. O que estiver destinado a mim virá, dias melhores virão, como as Estações vem e vão.
As Estações vão nos revirar, até que transmutemos esse nosso jeito de viver!!!