Nas…

Estamos fechados, entre luzes vermelhas, balões e manequins despidos. No ar o som é de batida, também taças e corpos arrastando o mármore. Corpos se aproximam, mas não colam um no outro. A pele está exposta, pernas de fora até metade das coxas. Olhos vestem máscara cintilante-cetim que não veio do Carnaval.
As batidas circulam, por hora, ultrapassam paredes, voam – devagar e quente, até a rua.
Há portas solitárias, vazias. Ninguém ousou entrar – possibilidades que o corpo sabe e/ou eventualmente des-cobre. Ao redor, fotos das partes, plásticos de vário tamanhos, cores, texturas.
Adentramos.
As mãos experimentam o espaço, mas nada capaz de pulsar com intensidade. Ali no canto, apertado e quente, silêncio.
Os olhos cruzam os cílios. No ar, vozes, sons, vem e vai.
As línguas são quentes e molhadas, buscam lábios e pele. Mistura de doce e sal. Urras em meus ombros.
Gargantas queimam. Lábios assumem forma de círculo.
Seus dedos entre meus dentes. Minhas mãos escorregam.
Olho no olho,
as vozes correm.